O espelho do Céu...

Num dia de Inverno em que vás à praia e passeies no silêncio do marulhar, sintas o vento gelado acariciar-te numa intimidade calorosa e caminhes na areia molhada que seca sob o Sol distante, abre os braços e olha para o Céu! Senti-lo-ás mais perto de ti e sentir-te-ás livre, tão livre que bastaria uma rajada mais forte para te fazer voar para lá do horizonte, para lá do oceano...
Nessa altura, esquece tudo o resto, deixa para trás as preocupações do dia-a-dia, os problemas do quotidiano e as agruras da vida e foca todos os teus sentidos no momento que estás a viver. Podes estar sozinho. Podes estar acompanhado. Partilha-o contigo ou com alguém especial, mas não deixes de sentir o que aquele momento significa para ti. Não deixes de ouvir a voz do vento e do mar sussurrando-te ao ouvido palavras imperceptíveis que são levadas para longe e jamais voltam iguais...
E quando uma pequena onda te rebentar junto aos pés, deixa-a ir e segue-a com o olhar até ela se fundir com as outras. Podes então aperceber-te da imensidão do oceano e dos muitos segredos que ele esconde nas suas profundezas. Olha, observa e sente-te pequeno perante ele. Perante esse espelho do Céu que foi posto na Terra para que nós nos sentíssemos mais perto do inalcançável...
O mar pode, de facto, ser um templo, um templo aberto a todos, independentemente da idade, da raça, da religião, da opção política, sexual ou profissional... Um templo em que estejamos tão perto do Céu e, no entanto, sempre divididos por essa linha ínfima a que chamamos horizonte. Um templo onde podemos encontrar a paz interior, basta que a procuremos. Um templo que é um espelho do Céu...