Onde estás tu?

Onde estás tu? Onde posso eu voltar a encontrar-te? Espero por ti na estação, enquanto olho para o caderno pautado que tenho no colo. Está vazio, faltas-me tu. Onde está o teu riso tão silencioso e ao mesmo tempo tão quente?
A estação está cheia, mas mesmo assim tenho frio. As pessoas andam, falam e riem, o mundo gira à minha volta, mas eu permaneço quieta, à tua espera.
O comboio chega. Eu entro e sento-me de costas para o mundo, de frente para ti. Chegaste tarde, pensei que não viesses hoje, nem amanhã, nem nunca mais.
As folhas pautadas brancas ficam preenchidas por manchas azuis escuras, cor da noite sem estrelas.
De repente o comboio pára. As portas abrem-se, as pessoas entram e tu sais. Foste-te embora cedo, pensei que não voltasses a ir, nem hoje, nem amanhã, nem nunca mais.
Sei que estás magoada, por te terem roubado de mim como me roubaram a outra parte do meu coração.
Agora sento-me à espera de ti e enquanto o tempo passa eu pergunto-te vezes sem fim: “Onde estás tu? Por onde anda a minha inspiração?”