Como se leva uma estrela para o céu?

"O poeta é um fingidor. Finge tão completamente, que chega a fingir que é dor, a dor que deveras sente." (Fernando Pessoa) Tal como o poeta, também eu finjo, imagino, invento e crio com as minhas palavras...

sábado, dezembro 2

Eram quatro da tarde e o céu estava cinzento e coberto de nuvens. Tu conduzias o teu Renault Clio azul-escuro metalizado de três portas. Estavas tão atento à estrada que nem reparavas que a minha atenção ia toda para ti. Comecei a olhar para ti, para o teu cabelo escuro e penteado ao pormenor. Será que perderias mais tempo com ele do que comigo? Não, eu sei que não... Olhei para as tuas mãos que seguravam o volante. Era tão bom quando me seguravam e me asseguravam que era eu.
Tu olhaste para mim com um ar confuso. Eu olhei para os teus olhos cor de chocolate, daquele que nós comíamos enroscados no cobertor quando víamos um filme. Olhei para a tua boca, para os teus lábios cheios e rosados que me sabiam sempre tão bem... Só depois de te olhar em pormenor reparei no olhar que me dirigias. Sorri-te.
Tu tiraste a mão do volante e pousaste-a sobre o meu joelho. Estava quente. Até mesmo com o frio que estava tu não arrefecias, tu não mudavas. Olhei para a janela sem soltar uma palavra. Lá fora caíam gotas pequenas e luminosas.
De repente, paraste num semáforo e quebraste o silêncio:
- Tu sabes que eu te amo, não sabes?

Sabia, claro que sabia. Mas era sempre bom relembrares-me isso, para eu ter a certeza, embora já a tivesse. Às vezes achava que não sabia, que tu só estavas ali porque... porque sim. Mas depois sorria e pensava "Porque sim não é razão." Eu sabia que tu gostavas de mim e tu também sabias que eu gostava de ti, se calhar por isso é que às vezes nos esquecíamos e sentíamos vontade, necessidade de o relembrar ao outro. Pus a minha mão por cima da tua. Ao contrário da tua, a minha estava fria como o gelo, mas senti-a aquecer (senti todo o meu corpo quente) ao encontrar a tua. Cheguei-me para ti e dei-te um beijo na face, daqueles a que tu chamavas "fofinhos", e respondi-te ao ouvido:
- Mas isso tu já sabes.

9 Comments:

  • At 3/12/06 00:03, Blogger Alexx M. said…

    "Mas era sempre bom relembrares-me isso, para eu ter a certeza, embora já a tivesse."

    Só para teres a certeza de que te amo acima de tudo, de que és e serás sempre a minha menina, a minha pucanina ;)

    Adoro-te maninha!!
    **********************************


    PS: Andas inspirada, menina, com textos lindos como este ;)

     
  • At 3/12/06 13:31, Blogger T. said…

    amo estes momentos...tão mágicos..tao unicos..

    e o texto retrata isso mesmo! gostei muito!

     
  • At 3/12/06 21:34, Blogger Fátima said…

    que texto tão forte e sincero, momentos simples mas plenos! temos aqui duas manas muito talentosas...=)

     
  • At 4/12/06 17:22, Anonymous Anónimo said…

    bue simples... mas carregado de sentimento... de verdade...

    gotei:)

    Continua...

     
  • At 8/12/06 02:14, Blogger J. said…

    really really sweet... gosteiiiiiii! xD

     
  • At 18/12/06 01:45, Blogger [lunatic] said…

    São momentos tão delicados não são? Ta lindo o texto..

     
  • At 19/12/06 09:58, Blogger B. said…

    Bemmm é de família ;)!!!


    Tão sonhadoras estas duas!!!


    Keep going :P!


    São mesmo momentos simples como estes que complexificam uma relação e a tornam especial.

     
  • At 1/1/07 17:39, Anonymous Anónimo said…

    Klaru k sabes k eu te amu,ne? :P
    bem ta linduuu o texto =D
    bj axim dakeles enormes so pa tii*

     
  • At 8/1/07 03:16, Blogger N said…

    a-do-rei. a simplicidade, acima de tudo *

     

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