Como se leva uma estrela para o céu?

"O poeta é um fingidor. Finge tão completamente, que chega a fingir que é dor, a dor que deveras sente." (Fernando Pessoa) Tal como o poeta, também eu finjo, imagino, invento e crio com as minhas palavras...

terça-feira, outubro 17

Feita de vento...

Encontrei-te hoje por acaso, no mesmo local onde te deixei da última vez que te vi.
Não mudaste nada, à excepção do cabelo mais curto (quando cortaste essas tuas suaves madeixas?) e dos olhos mais sombrios, mais sábios, mais velhos… Afinal, também o tempo por ti passou, ensinando-te e obrigando-te a crescer. Só espero que não tenha sido muito duro contigo, tu não mereces. Sempre foste um doce, um amor, o tipo de pessoa por quem todos se apaixonam, com quem todos querem estar, agracias quem está à tua volta com essa tua luz dourada de harmonia, sabes cativar… Afinal, cativaste-me a mim! E o tempo que passei contigo foi mágico, como só tu sabes fazer. Mas (porque será que tudo na minha vida tem de ter um ‘mas’?) esse tempo que desfrutei na tua companhia cedo acabou. A culpa não foi tua, foi minha que sou feita de vento e voo com a brisa nocturna, procurando nuvens distantes e estrelas perdidas…
E assim parti, seguindo o vento que me soprava ao ouvido aventuras ainda por viver. Nem sequer olhei para trás, deixando-te só naquela praça coberta de neve e luzes de Natal (a mesma praça onde hoje te encontrei — mudou a estação, mudaram as cores, mudámos nós, mas a praça permanece para sempre igual ao que me lembro dela…). E passado tanto tempo, logo te havia de encontrar hoje, logo aqui, olhando para mim com esses teus olhos profundos, carregados de sabedoria e experiência e também surpresa por me veres chegar assim, do nada, àquela praça que para sempre será nossa.
Não temas, no entanto. Não vim para mudar novamente a tua vida e virá-la de pernas para o ar. Vim apenas porque o vento me empurrou na tua direcção ao caminhar por estas ruas, porque senti subitamente a falta do amigo que sempre foste e da companhia que sempre me fizeste (ser feita de vento é muito solitário, sabias?). Assim, pergunto-te se me posso sentar ao teu lado por um momento, naquele banco de madeira onde um dia gravámos os nossos nomes. Ainda sem fala, acenas com a cabeça e eu encosto a minha ao teu ombro, saboreando o contacto tão familiar do teu corpo. Dizes então baixinho ao meu ouvido, como se tivesses medo de me afugentar:
— Eu gostava de te dar um beijo e um abraço de boas-vindas, mas tenho medo de te deixar escapar por entre os dedos…
— Hoje não vou a lado nenhum. — respondo no mesmo tom, esperando que os teus lábios toquem os meus.
E quando tu me beijas, eu fecho os olhos e os ouvidos também, abafando o chamamento do vento, meu irmão, que me espera impaciente.
Mas esta noite, só por esta noite, sou novamente tua.

9 Comments:

  • At 17/10/06 22:41, Anonymous Anónimo said…

    feita de vento, hein? um vento tao suave k acaricia a face e faz sorrir knd so apetece chorar, k abraça com tanta força k n deixa cair, k suxurra ao ouvido...
    tu es como o vento (embora digas k n es tu) es tao forte e ao mm tmp tao fragil. eu sei k sim. e como akeles braços te akecem e como akele banco te conforta.
    um belo texto como todas as rajadas de vento k saem dos teus dedos.

     
  • At 17/10/06 22:59, Blogger D@s Pl3ktrüm-/v\ädch3n said…

    =) Gosto do vento...

    Nem tudo tem um mas, Xaninha... Don't forget that art imitates life (sometimes we wish life would, in fact, imitate art...)

    E há cartões da TVcabo a abrir portas de salas de jornalismo... a tua vida é um filme, sim ;) É uma história que vai certamente valer a pena contar... posso fazer parte dela também? =) hehe *****

     
  • At 18/10/06 00:35, Blogger Fátima said…

    eu gosto de histórias feitas de silêncios, gosto de beijos segredados, de cabeças encostadas no ombro sorrindo numa intimidade que não tem palavras para ser pintada... há histórias que acabam mas se preenchem no abraço, há amores que não se perdem mas se vivem na sua pureza ao longe quando ao perto nao dá mais... se não doi sabe sempre bem ter a pessoa por perto. =)

    acho que este se tornou o post preferido da madrinha :P **

    (até ver nao é? :D ***)

     
  • At 18/10/06 23:31, Blogger fairy dust said…

    E se um dia eu quiser voar contigo vento? Levas-me?

    Adorei o post, sobretudo a ideia de que por muitas rajadas de vento que nos empurrem, as coisas boas voltam sempre!

     
  • At 22/10/06 13:47, Blogger João G. said…

    eu tb inda n tinha aki vindo... e plo k vi neste texto és mais uma das k escreve duma forma tao espectacular!

    Há semp pessoas k no passado nos dao alegria e k so knd nos as deixamos fugir é k lh damos o devido valor! Nunca deixes fugir akeles k amas e akeles k t amam pk n ha coisa mais preciosa do k o calor sentido e o carinho sincero de um ser humano...

    bjxx**

     
  • At 23/10/06 21:25, Blogger Marta said…

    E se pudesses ficar mais do que só um dia...? Se pudesses ver mais vezes as luzes de natal com o mesmo sorriso daquela vez? E se de repente pudesses soprar e empurrar o vento para outro lugar...

    Lembraste-me de um filme qeu se iniciava a falar do Vento do Norte..de alguém que também o seguia.."Chocolate"

     
  • At 24/10/06 00:08, Blogger T. said…

    lindoooooooooo...


    so you...so me...



    dass teh enerva menina xana! a-m-e-i!

     
  • At 24/10/06 00:16, Blogger J. said…

    MESMOOOOOOOOOO BONITOOOOOO!

    É tão bom kd temos a oportunidade d estar novamente com uma pessoa d km gostamos ( e nc havemos d deixar d gostar)! AMEI msm!

    Escreves TÃO bem pah!

     
  • At 25/10/06 02:14, Blogger Fátima said…

    o teu post realizou-se, é como se o tivesses desenhado nas estrelas e ele cintilou para ti! e nós vamos estar aqui para o fazer brilhar, ou então para te abraçar...**

     

Enviar um comentário

<< Home